Por Marcelo Girade
O encerramento da mediação é um marco decisivo, onde a habilidade do mediador em orientar as partes para um entendimento mútuo ou reconhecer a necessidade de concluir o processo se torna crucial. Christopher Moore nos ensina que "a confiança é a essência da mediação", e é essa confiança, meticulosamente construída, que pavimenta o caminho para um encerramento efetivo, seja ele qual for.
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Três Caminhos Possíveis no Encerramento
Antes de conversarmos sobre a distinção entre impasse aparente e real, é vital reconhecer as três possíveis vias de encerramento em uma mediação:
Acordo: O ideal e objetivo mais comum, onde as partes chegam a uma resolução mutuamente aceitável, normalmente documentada em um termo de acordo.
Impasse: Quando as partes não conseguem chegar a um acordo, seja por diferenças irreconciliáveis ou outros fatores, levando a uma conclusão sem resolução.
Nova Sessão: Em alguns casos, as partes podem não chegar a um acordo imediato, mas reconhecem a necessidade de mais tempo e informação, optando por agendar novas sessões.
Cada um desses caminhos requer uma abordagem distinta, preparação e, acima de tudo, uma compreensão profunda das dinâmicas em jogo.
Impasse Aparente vs. Impasse Real
Douglas Frenkel e James Stark, mediadores e autores sobre a formação em mediação, nos oferecem uma perspectiva valiosa sobre a diferença entre um impasse aparente e um real. Frenkel nos lembra que "Se um impasse pode ser resolvido, então não era realmente um impasse". Isso nos desafia a considerar que muitos impasses são, na verdade, aparentes, emergindo de mal-entendidos, emoções intensas ou falta de informação.
Stark complementa essa visão, enfatizando a importância de "fazer as perguntas certas" para transformar um bloqueio aparentemente intransponível em uma oportunidade de progresso. A habilidade do mediador em explorar as preocupações das partes pode revelar novos caminhos e perspectivas, desbloqueando a situação.
Algumas Dicas para um Encerramento Eficaz
Teste de Realidade: Realize testes de realidade em sessões individuais, ajudando as partes a avaliar as consequências de manter suas posições. Isso pode revelar que o impasse é, na verdade, aparente e pode ser resolvido.
Avaliação de Alternativas: Como parte do Teste de Realidade, encoraje as partes a considerarem suas Melhores Alternativas à Negociação de um Acordo (MANA) na mediação. Isso pode ajudar a identificar se o impasse é real e quais seriam os próximos passos mais benéficos.
Validação e Reconhecimento em Caso de Impasse: Validar o esforço das partes e reconhecer os avanços, mesmo que pequenos, pode manter a porta aberta para futuras negociações. Moore nos lembra que "reconhecer o esforço é reconhecer a humanidade do outro".
Agendamento de Novas Sessões: Se houver espaço para mais diálogo, não hesite em agendar novas sessões. A persistência, combinada com a estratégia certa, pode eventualmente levar a um acordo. Muitas vezes, o tempo entre uma sessão e outra é o recurso que as partes precisavam para pensar em outras opções, avaliar o que foi proposto com menos resistência ou mesmo coletar mais informações para uma tomada de decisão mais consistente.
A Importância do Teste de Realidade
Entre as estratégias na fase de encerramento, o Teste de Realidade se destaca como uma ferramenta poderosa, especialmente nos momentos de impasse. Este método permite que as partes avaliem as consequências de suas posições, comparando a situação atual com suas Melhores Alternativas à Negociação de um Acordo (MANA). Ao confrontar as partes com as implicações reais de suas escolhas, o mediador pode ajudá-las a ver além do impasse, seja ele aparente ou real.
O Teste de Realidade não é apenas uma técnica; é uma arte que requer sensibilidade, timing e a capacidade de desafiar as partes de maneira construtiva e com muito tato. Ao aplicar esta ferramenta, o mediador pode desvendar novas possibilidades, encorajando as partes a reconsiderarem suas posições e, talvez, encontrar um terreno comum onde antes só havia discordância.
Conclusão
Dominar o encerramento na mediação não é tarefa fácil. Requer uma mistura de empatia, estratégia, sabedoria e, acima de tudo, a coragem de enfrentar impasses com uma mente aberta e um coração preparado para guiar as partes através de suas dificuldades. Os insights de Frenkel e Stark nos lembram da importância de olhar além do óbvio, buscando sempre a essência do conflito e as possibilidades de sua resolução. O Teste de Realidade, como uma ferramenta de destaque, ilumina esse caminho, oferecendo uma ponte sobre as águas turbulentas do impasse. Lembre-se, cada encerramento, seja ele um acordo, um impasse ou um adiamento, é uma oportunidade para aprender, crescer e, acima de tudo, transformar conflitos em oportunidades para a resolução e o entendimento mútuo.
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Este conteúdo é trabalhado em detalhes no Encontro Online específico sobre esse tema, conduzido por Marcelo Girade, via Zoom, em 2018. Esse e outros conteúdos da Coleção 1 estão disponíveis em nosso portal www.marcelogirade.com.br , no combo especial de aniversário.
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